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“Respeito a opinão dos meus enteados, mas penso diferente”, diz Michelle

A ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro voltou ao centro das atenções nesta terça-feira (2) ao responder às críticas feitas por seus enteados, após se posicionar contra a articulação do PL com o ex-governador Ciro Gomes para a disputa ao Senado no Ceará, em 2026. A negociação vem sendo conduzida por lideranças do partido no estado e desagradou Michelle por envolver um antigo adversário de Jair Bolsonaro nas eleições de 2022 — e ainda hoje um crítico constante do ex-presidente.

A manifestação pública de Michelle gerou incômodo imediato entre os filhos de Bolsonaro. Flávio Bolsonaro (PL-RJ) afirmou que a ex-primeira-dama teria se antecipado ao marido ao opinar sobre o assunto, sendo apoiado por Carlos e Jair Renan. Eduardo Bolsonaro (PL-SP) também se posicionou, classificando a atitude dela como “desrespeitosa”.

Em resposta, Michelle defendeu seu direito de discordar, mesmo quando a posição adotada pelo partido — ou pelo próprio Bolsonaro — não coincide com a sua. Ela destacou que, antes de atuar politicamente, é mãe, esposa e mulher, e que, se tiver de escolher, priorizará a família.

“Respeito a opinião dos meus enteados, mas penso diferente e tenho o direito de expressar meus pensamentos com liberdade e sinceridade”, escreveu. Ela ainda pediu compreensão: “Não foi minha intenção contrariá-los. Assim como eles, quero o melhor para o pai deles.”

A tensão exposta publicamente reforça avaliações internas de que Michelle perdeu força dentro do núcleo político da família. Segundo apuração do blog de Andréia Sadi, no g1, o episódio praticamente encerra qualquer possibilidade de Michelle ser indicada para compor uma chapa presidencial como vice em 2026. A leitura entre aliados é clara: os filhos de Bolsonaro deram demonstrações públicas de que a condução das decisões políticas continua nas mãos deles.

O estopim do conflito

A crise se aprofundou após um discurso de Michelle em Fortaleza, no fim de semana. Durante um comício, ela apontou para o deputado André Fernandes (PL-CE) — um dos responsáveis pela aproximação com Ciro Gomes — e afirmou que a aliança era “precipitada” e não representava o sentimento da base bolsonarista.

“Tenho orgulho de vocês, mas fazer aliança com quem sempre atacou o maior líder da direita… assim não dá”, declarou, olhando diretamente para o deputado.

A fala gerou reação imediata. Flávio Bolsonaro afirmou que Michelle desautorizou uma articulação previamente avalizada por Jair Bolsonaro e considerou o tom dela “autoritário e constrangedor”. Carlos Bolsonaro reforçou o posicionamento do irmão, defendendo que o grupo deveria seguir a liderança do pai “sem influências externas”. Eduardo Bolsonaro também se manifestou, dizendo que Fernandes apenas cumpriu a orientação do ex-presidente e que não deveria ter sido criticado publicamente.

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